terça-feira, 31 de janeiro de 2012

COMBINAÇÃO PÓSTUMA – ESMAECER DA VIDA



           Já reparou que somos zumbis? Sim zumbis. As vezes custo a acreditar que não estamos mortos. Mas acredite. No que? Acordamos, saímos, trabalhamos, servimos, comemos, olhamos, voltamos, assistimos e comemos, dormimos e acordamos, para a nossa vida vaga, sem alma, sem nada. Onde que a morte não está nisto? E não está. Porque zumbis estão entre a morte e a vida. Na verdade, zumbis são aqueles mortos, que preserva uma única habilidade no cérebro: a de poder se alimentar, viver para isso. Somos ou não somos zumbis então? Alimentando nossa vontade por dinheiro, por simplesmente comer e de simplesmente fazer sexo. Zumbizando entre os arranha-céus de uma megalópole desenvolvida e injusta, que faz dos teus filhos o próprio alimento, consumindo nossas, energias até que elas se esgotem, e então outros virão, para dar a ela novas energias e assim novos alimentos, novas possibilidades de crescimento, enquanto seus filhos morrem a míngua, procurando .... procurando ... curando .. rando . do. E quando é que estamos vivos?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

COMBINAÇÃO PÓSTUMA - FELICIDADE ANÔNIMA

 
Por Marcel Alves

                                                                        Aqui estou eu mais um dia. Estou pensando na minha existência. Como é difícil ser quem eu sou. Às vezes eu gostaria de ser outro. Fico até pensando se isso que sou agora não é uma mera imagem do que eu gostaria de ser e, internamente, sei que não passa de uma ilusão. Ilusão que eu criei para ser quem eu sempre quis ser. Sei que este que sou agora é muito preocupado. Sei também que toda a preocupação se refere sempre ao que vou ser daqui a pouco mais de 1 min e o que farei para ser ainda melhor daqui a 2. O fato é que perco tempo pensando e não sei ao certo se estou me modificando de fato. Se o meu interior esta passando por uma metamorfose que eu não sei se é real ou se não percebo. Sempre acho que sou o mesmo. Nunca olho para trás. Quando olho, vejo que já sou muito diferente do que eu era. Quando volto a olhar para frente sempre tenho uma surpresa. Tudo a minha volta está diferente. As pessoas que gostavam de mim, já não gostam mais. As pessoas que eu gostava, agora são um saco. E tenho novamente que me colocar no meu caminho tortuoso de ser eu mesmo na minha existência que não sei se existe.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

MENSAGEM PÓSTUMA


Por Marcel Alves

Oi, tudo bem?

      Esta com certeza seria a primeira coisa que eu iria te falar quando você atendesse o telefone. Pense nesta mensagem póstuma como o presente. Mesmo tendo-a escrito em vida, não deixa de ser uma mensagem póstuma, visto que a que fins ela deveria ser, só foi após a minha morte, que era de, mesmo estando longe – e ai fico na duvida se escrevo longe, ou perto, porque posso estar do seu lado agora, segurando sua mão ou deitado no seu ombro como nos nossos momentos juntos dentro do cinema. Onde estava mesmo? A sim. No propósito da carta. O propósito era conversar com você pela ultima vez.

    Quantos foram os momentos? E quantas foram as brigas desnecessárias. Mas eu continuava te amando. E você continuava a amar a mim, eu sei. Ficamos tanto tempo desnecessário juntos. Mas era o trabalho, os estudos, a vida, a minha, a sua, a nossa. A nossa! Quando foi que nos conhecemos mesmo? Não vale a pena ser dito. Não vale porque é só nosso e vai ficar guardado na nossa mente e não deve ser registrado no papel. Mas foi um super momento que me arrebatou de tal forma, que, quando me dei conta, não conseguia mais parar de pensar em você. Aconteceu assim.

    Fico triste porque agora acabou e deixamos de fazer várias coisas juntos. Não éramos casados mas a morte nos separou. Separou meus sonhos com você. E te libertou para poder sonhar sozinho, ou acompanhado de outra pessoa que te mereça tanto ou mais ainda.  Na verdade nem tenho certeza se esta triste ou não. Eu acredito que sim. O tempo passou e fico pensando que poderíamos ter aproveitado mais. To com aquele arrependimento de que não é a hora. Que eu acho que devia ficar mais tempo com você. Mas já tomei minha decisão. Não vou prolongar para não chorar mais. Fico tentando imaginar como será sua cara quando ler isto. Agora que vou terminar nossa conversa, quero te pedir uma coisa. Seja feliz por mim. Quando já se sentir suficientemente feliz por si, sinta-se mais feliz por mim. Você tem a obrigação de ser feliz. Sempre te quis bem e agora te quero mais ainda. Prometa agora que não chorará. Não vale a pena. Lembre-se dos nossos momentos bons. Nunca dos ruins. E tente se lembrar de sempre: Aproveite cada minuto da sua vida. Quando somos jovens achamos que a vida está em nossas mãos, mas não está. Aproveite tudo, não perca tempo, e faça diferente do que fizemos. Aproveite. Aproveite.


*Texto feito por mim e inspirado, e não menos melancólico, no sentimento que deixou transparecer minha amiga quando me ligou chorando e dizendo que seu namorado havia falecido.

domingo, 15 de janeiro de 2012

SEM PALAVRAS




            Hoje resolvi não falar nada. Isso mesmo. Ficar mudo. Não emitir nenhum som. Nem sempre é necessário falar. Aprendi isso recentemente. Quem fala muito se explica, e quem se explica e não é claro, nada fala. Ate fala, mas emitir som por emitir, sem se comunicar, é como fazer mover as moléculas de ar para lugar nenhum, assim, pela simples vontade de fazer do balé dos átomos, prótons e nêutrons uma grande bagunça.

                Sempre que emito sons que se assemelham com os sons que os seres humanos utilizam para se comunicar, ganho problemas. Isso porque todas as vezes que faço isso, sinto dentro de mim uma grande vontade, e necessidade, de me explicar. Assim o faço numa tentativa, as vezes desesperada, de mostrar como sou por dentro, porque sempre acho que ninguém consegue ver o quão ouro sou internamente, em detrimento do que alguns só consigam ver o latão de fora. Mas por que tenho que me explicar? Eu é que tenho que ser responsável pelos meus atos e eu é que tenho que ter discernimento de que o que escolho, se certo ou errado, até mesmo quando eu opto por falar coisas que deveriam ser caladas, é um problema meu e de mais ninguém. Mas as vezes faço porque percebi que falei o que não devia, ou devia, mas talvez emitindo outros sons, mas o fiz de qualquer forma, e não me fiz entender.

                Entender também não é uma coisa simples. Entender vai do entendimento de cada um. Do cada um que quer entender. Passa por um filtro feito de vivência e experiência que cada um tem o seu próprio, moldado de acordo com a sua vida. Às eu mesmo falo e me ponho a pensar no que falei. Nem eu mesmo me entendo. Por tantas vezes é mais fácil, e cômodo, escrever. Quando escrevemos, apagamos, modificamos, repensamos, e refazemos. Mas este sufixo "re" não existe na vida. Não existe "re-vida" e nem a "re-vida" significa voltar no tempo. Quando palavras são ditas, é como se um gravador guardasse tudo e nunca mais seria possível apagar aquilo. Não estou dizendo que falar não é preciso. Muitas vezes é para que o som possa colocar na mente de quem escuta alguma informação. E tudo isso tanto para palavras positivas e negativas. É certo que palavras negativas pesam mais que as positivas. Tem gente que prefere dizer tudo pelo negativo e guardar o negativo. Eu não! Tento sempre pelo positivo, e, se disse que me ama uma vez, vou reconsiderar tudo que disser polos próximos 100 anos. Assim sofro menos. E magoo menos também, porque não sou fácil com as palavras. Alias estou em uma constante briga entre pensamento e escrita contra a minha fala; E a escrita é a caneta, porque no computador fico por muitas bloqueado. Elas não se entendem. Simplesmente a fala distorce tudo o que o pensamento idealizou e a mão escreveu.

                Entre tantos momentos de crise entre escrita, pensamento, som, tom, fala, palavras, é que hoje resolvi dar uma trégua a minha boca. Resolvi colocar meus melhores amigos, pensamentos e mãos, para trabalharem mais e colocarem ordem. O pensamente vai verificar tudo que um dia já foi falado e ver o que estava errado, quais os pontos a serem corrigidos; As mãos talvez não trabalhem, ou sim como estou fazendo agora. As reflexões são na verdade um exercício para aguçar o meu sentir. As pessoas estão tão acostumadas com o materializar de tudo que se esquece do sentir. Sentir não pode ser material, é energia. Passa sem que percebamos e chega onde toques não alcançam: o coração. É certo também que as palavras são capazes de ferir o coração, assim como algumas atitudes, e nem sempre elas são capazes de curar. Mas quando você se da a oportunidade de sentir, você consegue decidir sem usar a voz, sem machucar ninguém, sem destruir seus valores, o que é certo e errado, o que quer e não quer, o que é amor e o que não é. Basta deixar sentir e se fazer sentir com atitudes. As vezes aquele carinho, aquele olhar devorador, falam mais do que Eu Te Amo ou um sexo brutal a qual você pode sair saciado ao término sem ao menos conseguir sentir o que ocorreu. Nem tudo é preciso ser demonstrado com palavras, e quando as demonstrações de sentimento sem palavras não vem, é hora de se querer seu próprio bem.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

DESATANDO AS AMARRAS


Por Marcel Moreno

             Este era mais um dia comum que qualquer trabalhador disposto a compactuar com os preceitos inescrupulosos do capitalismo e a doar obrigatoriamente sua mais valia, a não ser pelo fato de que ele fora reduzido a nada. Assim entendia o acontecido, já que desprovido de conhecimento a altura de poder se proteger, este também se reduziu, calando-se na vontade de esbravejar e se escondendo num ruborizar que já não era disfarçável, caiu figurativamente de raiva, talvez uma raiva de si mesmo por ter se deixado humilhar, humilhado, por ter sido maltratado, maltratado, justo ele tão crente em Deus, que num momento súbito, foi arrancado da sociedade de igualdade.

           Não era explicável o acontecido. Por que tinha que ser desta forma? Ele preferiu gritar, eu, calar. Por quê? E a pergunta que responderia sua humilhação já não vinha a sua mente. Seus nervos agora trêmulos por um estimulo animalesco, gerava uma vontade tão tremula quanto seu estado de avançar, sim, ali na jugular. Seu sangue parecia ser feito agora de puro fogo, como lava correndo no interior da terra, subia para seu rosto vermelho como brasa, corria por seus braços e pernas como se arrebentasse suas veias, e talvez aquela barriga saliente gerada pelo santo chop de todo Domingo, gerando um suor que se mostrava e saia e molhava e se fazia presente, denunciando todo seu nervosismo e impotência diante daquele fato. Era como se aqueles 15 minutos de feedback, que o reduziria a pó de homem, tivessem durada 4 horas em uma masmorra, com direito a torturas, que não eram físicas mas morais, e ameaças de morte, que não seria na guilhotina, mas seu desligamento da empresa.

          O que seria da sua família se resolvesse argumentar, e humilhar também, e diminuir também, e se impor também, e porque não se fazer mais forte, mais forte que o astro mor que se ostenta brilhante no centro do sistema solar, mais um na Via Láctea. Mas o que seriam deles? E o que seria dele mesmo? Ele que não pode aproveitar as oportunidades da vida. Que mal tinha estudo. Mal tinha família. E se caísse na sarjeta, desamparado, a mercê das ajudas esporádicas do governo? Como seria o futuro de seus filhos? E sua esposa? A quem no altar prometeu uma vida descente, para nunca mais ter que voltar para aquela terra, para nunca mais ter que voltar a ter fome de novo, para nunca mais ter que morar em barracos na beira do rio, para nunca mais ter que ficar desempregado, para nunca mais ...

         Mas quando ele ouviu aquelas e outras palavras, tudo parecia ficar inebriado com a uma ira que, contida, parecia infestar todo o ambiente. Sua mente só conseguia na verdade lembrar-se de uma frase terminada com exclamação. Eu mando! Brandiu o chefe. E a boca dele se enchia de uma superioridade, de uma sabedoria, de um ser que sou e ninguém me supera, como se à partir daquele momento, a terra se desprendera do sistema solar, e não mais girava em torno do sol na sua rotina de movimentos de translação, e agora era o sol que girava em torno daquele ser, que não mais se enxergava como ser humano, e sim como uma raça superiora, dominadora, com poderes sobrenaturais que lhe foram concedidos em um simples registrar de RH: Gerente. Ouvindo aquilo com uma vontade de chorar, olhou para fora da armação do que um dia seria um prédio e viu as margens do Rio Pinheiros, e pensou em como a natureza e linda e o homem é podre, mal. Por que este homem se achava melhor do que ele?

       No final ele não gritou. Ele não argumentou. Ele não humilhou. Não se rebaixou ao nível daquele homem. Sabia que não era certo. Não se colocou no mesmo pedestal que aquele outro quidam, como tantos outros, que achava que estava. Ele pensou no seu orgulho como homem de caráter. Ele lembrou que aprendeu com sua mãe que devia sempre se orgulhar de quem era. Que deveria sempre erguer a cabeça, bater no peito, e gritar para todos que era um homem livre e merecia ser feliz. Tudo num momento, não de fraqueza, mas de sabedoria que ali baixou. Num momento de pura vontade de livrar-se das amarras que sentia prender suas pernas, seus braços, suas vontades, sua garganta, fez o que muitos tinham vontade de fazer, mas faltavam-lhes coragem e fé. Pensou na família e na sua fé. Fé que lhe tirou da cidade de Esperantina do Piauí, e lhe trouxe para esta terra de gente grande, em brusca de uma vida melhor. Ele olhou para aquele homem de uma sabedoria ignorante, olhou fundo naqueles olhos cegos da luz de grandiosidade que achava emanar, pôs-se calmo e disse de uma só vez, usando palavras que pareciam emergir de uma sabedoria que desconhecia, e sem ponderar: Eu me demito. Aprendi que nenhum homem é dono de outro. Que ninguém deve humilhar outro homem, irmão de raça, de passado, de história, de sabedoria. Você não é ninguém para me dizer como devo ser no meu agir ou fazer. Nunca no mundo existirá alguém que terá o direito, ou mesmo o poder, de reduzir outro a pó. Porque podemos ser pobres, podemos ser humildes, desprovidos da sabedoria pedante das universidades, dos grandes centros de conhecimento. Mas há uma coisa que todos sabemos e que todos entendem. Uma coisa que vem de anos, e mesmo não passando de um mero ideal, busco eu na minha vã ignorância: A liberdade.

           Desamarrou-se das correntes, pegou sua dignidade e seu orgulho, abriu a porta, saiu, fechou a porta e chorou do outro lado. Prometeu a si mesmo que ninguém o humilharia de novo. E sem saber que rumo sua vida tomaria, tomou o elevador feito de ferro de andaime, e prometeu nunca mais voltar a aquele canteiro de obras.




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

VIDA PULSANTE PARTE I DE I


                 Carlos era um garoto estranho. Não necessariamente estranho, mas diferente. Ele não girava no mesmo movimento que a terra. Ele só não girava. Na verdade ele girava para o lado oposto. Seus pensamentos não seguiam o mesmo pensamento dos demais. Ele sequer conseguia escrever direito. Ele achava que, como ele era canhoto, que sua escrita deveria obedecer a direção da direita para esquerda. Inclusive em certos momentos começou a escrever de ponta cabeça, acreditando assim ser mais fácil para a professora ler enquanto ele escrevia. Com certeza era um garoto muito questionador. Nunca se deu por satisfeito com as informações que a ele vinham prontas. Nunca entendeu direito por que teria que ficar em fila na entrada da pré-escola. Esta era uma imposição difícil para ele aceitar. Se La era o lugar que era, e sobretudo para brincar, por que então em filas deveriam estar? Esta era um história que lembrava muito o seu passado que não viveu. Um passado onde as autoridades mandavam nos cordeiros, época que a opressão vagava pela pátria, sem que ninguém tomasse conta, alguns tentaram, muitos mortos. Talvez ai ele desse um sinal de alguém que não se dava por vencido. Que lutaria até a morte se fosse preciso para sua opinião impor, se fosse preciso. Mãos era necessário. Praticamente nasceu em um mundo pronto, com jovens bandas de propaganda de refrigerante.

                Sua cabeça sempre estava onde os velhos deveriam estar. Por que Carlos pouco se interessava por brinquedos? Brinquedos na verdade eram possibilidade de se fazer gente grande, e a grandeza por tantas desejada, parecia nunca chegar. Por que antes de completar uma casa decimal, as universidades é que estavam em sua cabeça? Por que os cursos de direito? Por que apartamentos, e móveis, e carros, e pessoas, e amigos? Nunca criança, se na mente adulto era. Por vezes desejou que tivesse 32 ou 45 anos para poder desfrutar de todos os benefícios que se poderia ter com esta idade, e se desejasse, se assim viável fosse. Não era possível viver em outra época se não a sua, mas sua cabeça rondava o desconhecido, o aprendido vendo a vida dos outros. Aprendia tanta coisa apenas observando. Alias observar é a grande sacada de quem quer aprender algo. Observe, sinta, deixe fluir.

             Mas esta época não duraria para sempre, ao contrário do que desejava e não queria. Pensou então que seria a hora de crescer. Foram tantos os motivos que o fizeram crescer antes da hora. Nunca falava de sua vida sexual. Teria sofrido algum abuso? Teria tentado algo mal resolvido? Teria se apaixonado e desiludido? Queria mesmo era poder logo acordar e ver que tudo não passou de um sonho, e que poderia ter uma segunda chance. Mas a vida passa para todos. Suas emoções não figuravam das melhores. Como todo adolescente se deixava levar pelos sentimentos, se tornando ora muito feliz e engraçado e outras tantas mal humorado e bravo com a família, não e nunca com os outros, a quem tinha certo receio de mostrar quem realmente era, mas sempre com quem era muito próximo. Talvez fosse os bullings que sofria na escola. Nome bonito que surgiu recentemente, mas que para quem sofre, nunca é bonito e nem nunca sai da memória. Isso o matava por dentro. Isso o enchia de raiva. Por que nunca era reconhecido por ser inteligente? Por que sempre aquele menino bagunceiro chamava mais atenção do que ele? Por que por mais que se esforçasse o mundo lhe dava as costas cada vez que tentava mostrar o quão intelectual havia se tornado? As vezes Carlos tinha a impressão de estar falando outra língua. Que não bastava girar no sentido oposto, que também tinha uma linguagem própria. Assim Carlos decidiu que deveria se fechar em si mesmo. Resolveu então mostrar aos outros o básico do que eles queriam que ele fosse. Sempre escutava que era um garoto bom, que era educado, que era maravilhoso. Mas sabia que estas não eram suas únicas características. Queria gritar. Queria mostrar seu verdadeiro eu que parecia estar anos a frente daquela gente. Na verdade ele se achava normal, problemáticos eram os outros.