domingo, 15 de janeiro de 2012

SEM PALAVRAS




            Hoje resolvi não falar nada. Isso mesmo. Ficar mudo. Não emitir nenhum som. Nem sempre é necessário falar. Aprendi isso recentemente. Quem fala muito se explica, e quem se explica e não é claro, nada fala. Ate fala, mas emitir som por emitir, sem se comunicar, é como fazer mover as moléculas de ar para lugar nenhum, assim, pela simples vontade de fazer do balé dos átomos, prótons e nêutrons uma grande bagunça.

                Sempre que emito sons que se assemelham com os sons que os seres humanos utilizam para se comunicar, ganho problemas. Isso porque todas as vezes que faço isso, sinto dentro de mim uma grande vontade, e necessidade, de me explicar. Assim o faço numa tentativa, as vezes desesperada, de mostrar como sou por dentro, porque sempre acho que ninguém consegue ver o quão ouro sou internamente, em detrimento do que alguns só consigam ver o latão de fora. Mas por que tenho que me explicar? Eu é que tenho que ser responsável pelos meus atos e eu é que tenho que ter discernimento de que o que escolho, se certo ou errado, até mesmo quando eu opto por falar coisas que deveriam ser caladas, é um problema meu e de mais ninguém. Mas as vezes faço porque percebi que falei o que não devia, ou devia, mas talvez emitindo outros sons, mas o fiz de qualquer forma, e não me fiz entender.

                Entender também não é uma coisa simples. Entender vai do entendimento de cada um. Do cada um que quer entender. Passa por um filtro feito de vivência e experiência que cada um tem o seu próprio, moldado de acordo com a sua vida. Às eu mesmo falo e me ponho a pensar no que falei. Nem eu mesmo me entendo. Por tantas vezes é mais fácil, e cômodo, escrever. Quando escrevemos, apagamos, modificamos, repensamos, e refazemos. Mas este sufixo "re" não existe na vida. Não existe "re-vida" e nem a "re-vida" significa voltar no tempo. Quando palavras são ditas, é como se um gravador guardasse tudo e nunca mais seria possível apagar aquilo. Não estou dizendo que falar não é preciso. Muitas vezes é para que o som possa colocar na mente de quem escuta alguma informação. E tudo isso tanto para palavras positivas e negativas. É certo que palavras negativas pesam mais que as positivas. Tem gente que prefere dizer tudo pelo negativo e guardar o negativo. Eu não! Tento sempre pelo positivo, e, se disse que me ama uma vez, vou reconsiderar tudo que disser polos próximos 100 anos. Assim sofro menos. E magoo menos também, porque não sou fácil com as palavras. Alias estou em uma constante briga entre pensamento e escrita contra a minha fala; E a escrita é a caneta, porque no computador fico por muitas bloqueado. Elas não se entendem. Simplesmente a fala distorce tudo o que o pensamento idealizou e a mão escreveu.

                Entre tantos momentos de crise entre escrita, pensamento, som, tom, fala, palavras, é que hoje resolvi dar uma trégua a minha boca. Resolvi colocar meus melhores amigos, pensamentos e mãos, para trabalharem mais e colocarem ordem. O pensamente vai verificar tudo que um dia já foi falado e ver o que estava errado, quais os pontos a serem corrigidos; As mãos talvez não trabalhem, ou sim como estou fazendo agora. As reflexões são na verdade um exercício para aguçar o meu sentir. As pessoas estão tão acostumadas com o materializar de tudo que se esquece do sentir. Sentir não pode ser material, é energia. Passa sem que percebamos e chega onde toques não alcançam: o coração. É certo também que as palavras são capazes de ferir o coração, assim como algumas atitudes, e nem sempre elas são capazes de curar. Mas quando você se da a oportunidade de sentir, você consegue decidir sem usar a voz, sem machucar ninguém, sem destruir seus valores, o que é certo e errado, o que quer e não quer, o que é amor e o que não é. Basta deixar sentir e se fazer sentir com atitudes. As vezes aquele carinho, aquele olhar devorador, falam mais do que Eu Te Amo ou um sexo brutal a qual você pode sair saciado ao término sem ao menos conseguir sentir o que ocorreu. Nem tudo é preciso ser demonstrado com palavras, e quando as demonstrações de sentimento sem palavras não vem, é hora de se querer seu próprio bem.


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