Hoje resolvi não
falar nada. Isso mesmo. Ficar mudo. Não emitir nenhum som. Nem sempre é
necessário falar. Aprendi isso recentemente. Quem fala muito se explica, e quem
se explica e não é claro, nada fala. Ate fala, mas emitir som por emitir, sem
se comunicar, é como fazer mover as moléculas de ar para lugar nenhum, assim,
pela simples vontade de fazer do balé dos átomos, prótons e nêutrons uma grande
bagunça.
Sempre que emito sons que se
assemelham com os sons que os seres humanos utilizam para se comunicar, ganho
problemas. Isso porque todas as vezes que faço isso, sinto dentro de mim uma
grande vontade, e necessidade, de me explicar. Assim o faço numa tentativa, as
vezes desesperada, de mostrar como sou por dentro, porque sempre acho que
ninguém consegue ver o quão ouro sou internamente, em detrimento do que alguns
só consigam ver o latão de fora. Mas por que tenho que me explicar? Eu é que
tenho que ser responsável pelos meus atos e eu é que tenho que ter
discernimento de que o que escolho, se certo ou errado, até mesmo quando eu
opto por falar coisas que deveriam ser caladas, é um problema meu e de mais
ninguém. Mas as vezes faço porque percebi que falei o que não devia, ou devia,
mas talvez emitindo outros sons, mas o fiz de qualquer forma, e não me fiz
entender.
Entender também não é uma coisa
simples. Entender vai do entendimento de cada um. Do cada um que quer entender.
Passa por um filtro feito de vivência e experiência que cada um tem o seu
próprio, moldado de acordo com a sua vida. Às eu mesmo falo e me ponho a pensar
no que falei. Nem eu mesmo me entendo. Por tantas vezes é mais fácil, e cômodo,
escrever. Quando escrevemos, apagamos, modificamos, repensamos, e refazemos.
Mas este sufixo "re" não existe na vida. Não existe "re-vida"
e nem a "re-vida" significa voltar no tempo. Quando palavras são
ditas, é como se um gravador guardasse tudo e nunca mais seria possível apagar
aquilo. Não estou dizendo que falar não é preciso. Muitas vezes é para que o
som possa colocar na mente de quem escuta alguma informação. E tudo isso tanto
para palavras positivas e negativas. É certo que palavras negativas pesam mais
que as positivas. Tem gente que prefere dizer tudo pelo negativo e guardar o
negativo. Eu não! Tento sempre pelo positivo, e, se disse que me ama uma vez,
vou reconsiderar tudo que disser polos próximos 100 anos. Assim sofro menos. E
magoo menos também, porque não sou fácil com as palavras. Alias estou em uma
constante briga entre pensamento e escrita contra a minha fala; E a escrita é a
caneta, porque no computador fico por muitas bloqueado. Elas não se entendem.
Simplesmente a fala distorce tudo o que o pensamento idealizou e a mão
escreveu.
Entre tantos momentos de crise
entre escrita, pensamento, som, tom, fala, palavras, é que hoje resolvi dar uma
trégua a minha boca. Resolvi colocar meus melhores amigos, pensamentos e mãos,
para trabalharem mais e colocarem ordem. O pensamente vai verificar tudo que um
dia já foi falado e ver o que estava errado, quais os pontos a serem corrigidos;
As mãos talvez não trabalhem, ou sim como estou fazendo agora. As reflexões são
na verdade um exercício para aguçar o meu sentir. As pessoas estão tão
acostumadas com o materializar de tudo que se esquece do sentir. Sentir não
pode ser material, é energia. Passa sem que percebamos e chega onde toques não
alcançam: o coração. É certo também que as palavras são capazes de ferir o
coração, assim como algumas atitudes, e nem sempre elas são capazes de curar. Mas
quando você se da a oportunidade de sentir, você consegue decidir sem usar a
voz, sem machucar ninguém, sem destruir seus valores, o que é certo e errado, o
que quer e não quer, o que é amor e o que não é. Basta deixar sentir e se fazer
sentir com atitudes. As vezes aquele carinho, aquele olhar devorador, falam
mais do que Eu Te Amo ou um sexo brutal a qual você pode sair saciado ao
término sem ao menos conseguir sentir o que ocorreu. Nem tudo é preciso ser demonstrado
com palavras, e quando as demonstrações de sentimento sem palavras não vem, é
hora de se querer seu próprio bem.
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