quarta-feira, 11 de abril de 2012

EU ABORTO, TU ABORTAS, SOMOS TODAS CLANDESTINAS



Por 
      Marcel 
                  Moreno


         O aborto é um assunto muito debatido porque envolve muitos fatores que incidem diretamente na decisão de fazer ou não e de liberar ou não. O fato é que igrejas alegam assassinatos, os governantes ignoram o assunto, a população fica dividida entre várias opiniões, enquanto que as mulheres continuam a fazer seus abortos em clínicas clandestinas e arriscando suas vidas. Por sua vez o SUS gasta bilhões de dólares para tentar salvar estas mulheres, ou ao menos tentar minimizar os danos causados por atos realizados por pessoas sem experiência em medicina, mínimas condições de higiene, métodos totalmente desapropriados e arcaicos e falta de amor e respeito pelo próximo, porque a grande razão de pessoas optarem por abrir suas clínicas é a pura e simples ganância por dinheiro.

                Para a grande maioria das igrejas – e principalmente a igreja católica – aborto se resume a assassinato. Alegam que a vida começa justamente quando o óvulo é fecundado e assim Deus faz o grande milagre da vida. Então para eles o fato de a criança não ser gerada com amor, como casos de estupros, também seria uma manifestação de Deus e assim proibido a opção de “matar” a criança. Em casos como o de crianças anencéfalas que já se sabe da curta vida (em casos comuns a criança só vive por uma semana após o nascimento) também seria um ato desumano e contra tudo que Deus deixou de ensinamentos para nós. Desta forma, interromper o nascimento de uma criança para eles, alem de imoral, é crime, contra o a vida que está sendo gerada e contra a vontade de Deus.

                Quando falamos com pessoas que são a favor do aborto elas alegam que o aborto poderia sim ser feito até o 3º mês de gestação uma vez que neste período o feto é apenas um punhado – de muitas – células, e não uma criança em si. Alem disso, para eles é inconcebível que mulheres que foram estupradas sejam obrigadas a dar a luz a uma criança que não pediram para ter e que foram geradas a partir de um ato tão desumano e desrespeitoso a figura da mulher. Outro ponto é que uma criança que é gerada sem cérebro e que se já se sabe que morrerá, deve ficar na barriga da mãe até seu nascimento? Todos sabem que é muito difícil para a família, e principalmente para a mulher que gera a criança em sua própria barriga, esperar pelo nascimento de alguém que vai morrer logo em seguida. Há vários casos que seriam entendíveis a opção pelo aborto, mas que fica emperrado ou mal visto pelos olhos alheios.

                A realidade do povo é uma só. ABORTOS SÃO REALIZADOS TODOS OS DIAS! Sim, e são feitos em clínicas que nada entendem do assunto e por pessoas despreparadas somente interessadas no dinheiro. A verdade também é que muitas são garotas irresponsáveis que não se previnem na hora do sexo e acabam ficando grávidas. Mas seria justo para a criança nascer obriga-la a nascer em uma família despreparada, desestruturada e sem perspectivas nenhuma de futuro? Seria essa a vontade de Deus? Claro que casos como os de anencefalia e estupros não são casos raros, porem são os que menos incidem em usos de clínicas clandestinas, ficando total culpa para a existência destas por conta da irresponsabilidade, gerando exorbitantes gastos de recuperação destas mulheres.

                Esqueça o mundo, apesar de o Brasil estar muito atrás dos outros no debate deste assunto.  O tempo muda, ideias mudam, a sociedade muda, e valores também, e a camisinha passa a ser obrigatória. O que falta para a sociedade atual, incluindo religião e governos, é o entendimento quanto o respeito ao homem como ser indivíduo e dono de si mesmo, e com está condição ele é autorizado a fazer escolhas que envolvam suas vidas, desde que respeite o espaço do outro. Como donas de si, as mulheres deveriam poder escolher de acordo com os seus valores, princípios e caráter se querem ou não realizar um aborto. Apoiar um direito para alguns não quer dizer que você seja a favor, mas mostra que você respeita a opinião do próximo quanto ao que ele opta para sua própria vida, e que você não tem nada a ver com isso. Se eu, que estou escrevendo esse texto, sou a favor ou contra o aborto não vem ao caso, mas se você for a favor a decisão é tua, eu não tenho nada a ver com isso.

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