<MaM>
Universo eu lhe imploro. Livre deste peso que é ter que
gostar de alguém.
Me livre desta deste fardo que é ter que carregar no peito
Eros para ser doado.
Me liberte desta prisão que é buscar minha outra parte, de
buscar um amor alheio que quero tanto.
Livre desse sentimento. Livre me desta angústia que é gostar
de alguém e não ser correspondido. De ter que suportar a dor de saber que a
outra parte está neste mundo e não ao meu lado. E não a quero mal, mas não a
quero tirando minha paz, meu sossego e alegria quando não está aqui do meu
lado. Não sei se busco o que não tenho. Não se busco o que me falta. E tudo
isso me coloca numa roda de emoções que substitui o meu eu.
Traga me o sorriso de volta. A paz interior. A felicidade que
é viver e eu prometo só mandar o bem. Traga de volta eu mesmo para que eu posso
amar e assim corresponder a reciprocidade de Narciso.
Mas não me faça ter que buscar alguém. Essa via crúcis é
muito pesada para mim que sou um mero mortal. Deixe que o amor seja o tesouro
dos deuses. Deuses forte, poderosos, que nada temem e tem força de sobra para
combater a tudo. Eu não posso com isso. Eu tenho medo. Eu temo. Eu temo este
sentimento chamado amor. Ele me sufoca, me causa angústia, me maltrata, me
derrota, me abate. E eu nada posso fazer contra. Ele me entra no peito, domina
minhas entranhas, e quando percebo, faço como os gregos, guardando-os dentro do
meu estomago, e assim ele me devora, e eu me debato nesta ilusão, e passo a
imaginar minha morte, e meu sangue corre quase que arrebenta minhas veias, e
essa dor pujante que não posso suportar, volta a me acalentar e me joga no
buraco.
Quando percebo que já não tenho mais chão, que agora sou um
errante na vida, me pego despreparado por outra dor que me arrebata para não
deixar sarar as feridas de outrora, e me detona para eu já não ter mais forças,
e essa sina de amar uma incógnita, me traz sofrimento e desespero. Novamente me
vejo cabisbaixo errante, a procura de uma metade que parece não existir.
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