quinta-feira, 12 de julho de 2012

SAUDAÇÃO DE UMA NAÇÃO SEM REI

Por Marcel Moreno

                      Corações ao alto. Nosso coração esta aos pulos. Força, garra, paixão. Tudo isso levou uma nação inteira ao delírio. A conquista de mais esta etapa proporcionou a todos um grande espetáculo que encheu nossos olhos.
                Fomos cravejados de uma felicidade que não sabemos a quanto ainda demoraria. Muitos morreram sem ver. Outros tantos perseguiram acreditando. Muito contra, muito a favor, mais um degrau foi escalado.
*                Agora é hora dos louros. E hora de comemorar. É hora de bater no peito e se orgulhar deste feito. Valorizar toda nossa história, de receber de volta todo este tempo de crença, de confiança, de apoio, de fé.
                Olhos angustiados, tremedeiras, suor frio. São muitas as emoções que dominam nosso corpo e nossa mente neste momento de puro êxtase e adrenalina. E solta o ar dos pulmões, empurra-os goela a fora, afora nossas contenções diante de tal enlevo social.
                Se conquistas ate o presente momento não nos foi dado, agora é a hora do gozo da ilusória vitória. Quais seriam os sentimentos de Alexandre O Grande, diante de seus tais feitos? Seriam os mesmo de Pedro Alvares Cabral quando descobriu “a terra perdida de Vera Cruz” que ainda não se encontrou?
                Mas enquanto há o orgulho da vitória no coração, nossas crianças são mal educadas, nossa educação está caída e nossa saúde está em frangalhos. Já não há nada a se orgulhar a não ser a vitória de uma partida que não é a vida.
                Quebra-se tudo por nada. Não é por revolução, não é por mudança, não é por justiça, não é por exigir. É por algo inútil que só faz acalmar os ânimos quando na verdade deveríamos estar gritando de raiva. Serias essas nossas pulsões de morte?
                Enquanto isso, cachoeiras de mensalões, aloprados, águias ... e assim castelos de areia desmoronam e abrem-se caixas de pandora. De dentro tiramos vergonha, uma população submissa e políticos que parecem não se importar com nada.
                Parece mesmo que nada muda. Quase todos os anos nossa atenção nos é roubada e depositada em algo fútil, que nada interfere em nossas vidas, nada que nos eleve como homens intelectuais ou nos salve da vida.
Esse momento remonta na minha mente a revolução que iniciou de 1648, quando as imagens nos levavam a exultação social, mas no fim imperou o capitalismo, derrotando nossa possibilidade de sermos iguais, fraternos e livres. Alguns são mais iguais que outros, quem liberta é o dinheiro, e os laços de amizade entre homens sou eu e o meu espelho.
                As classes não se unem mais. Nem mesmo se reconhecem como una. Essa forma de alienação é muito boa para tantos príncipes maquiavélicos espalhados pelos cantos de um enorme “círculo” de corrupto e inescrupuloso deste meu Brasil brasileiro.

*Quadro O Grito de Edvard Munch

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